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A conexão entre diabetes e depressão

Estudos indicam que a diabetes pode levar à depressão, mas esta também aumenta a probabilidade de vir a ter primeira. Qual será a relação entre estas duas doenças? Confira a resposta.

Um estudo publicado pelo Journal of Medicine and Life sobre diabetes e depressão veio mostrar que a incidência desta última doença pode ser até duas vezes maior em doentes com diabetes tipo 2 e 3 vezes superior na diabetes tipo 1, em comparação com a população em geral.

 

A probabilidade de um diabético vir ou não desenvolver depressão vai depender de inúmeros fatores. O tipo de tratamentos a que está sujeito, o estilo de vida, a evolução e as complicações associadas à própria doença estão entre eles. Contudo, os diabéticos que têm maior suscetibilidade para desenvolver depressão são «mulheres, pessoas com diabetes diagnosticada em idades jovens, com mau controlo metabólico, com obesidade e com complicações da doença ou em situação social vulnerável», diz-nos Raquel Carvalho, endocrinologista no Hospital CUF Infante Santo.

Diabetes e depressão

Os principais motivos

 

O diagnóstico de uma doença crónica pode ser o suficiente para causar um grande impacto na saúde psicológica do doente diabético. A aplicação da insulina pode ser uma de outras causas, por ser um assunto sensível para muitos doentes e, ainda, um tabu para a sociedade.

 

Contudo, existem outras causas: «Há mecanismos fisiopatológicos subjacentes comuns a ambas as doenças. A desregulação do eixo hipotálamo hipofisário com aumento dos níveis de cortisol, a ativação do sistema imunitário com aumento de produção de citocinas pró-inflamatórias, fatores ambientais e genéticos, são exemplos. Por outro lado, flutuações grandes de glicemia podem  produzir alterações estruturais a nível cerebral interferindo com o humor e a condição psicológica», explica Raquel Carvalho.

 

Sintomas e prevenção

 

A depressão e a diabetes partilham alguns sintomas, como o cansaço, a necessidade de dormir muito ou a falta de concentração. Por esse motivo, nem sempre é fácil perceber se a causa destes sintomas advém de uma possível depressão ou da própria diabetes. No entanto, convém estar atento a sintomas como «tristeza, diminuição de interesse na realização das suas tarefas habituais, diminuição do prazer nas atividades que antes lhe eram prazeirosas, alterações do padrão de sono e apetite, sentimentos de culpa e, em casos mais graves, ideação suicida», avisa a endocrinologista. A nível físico, o doente pode apresentar queixas pouco claras, como fadiga e dores no corpo.

 

«A depressão também pode estar presente quando é mais difícil cumprir o tratamento da diabetes sem uma razão evidente, por exemplo, quando há esquecimentos e confusões sobre os modos de funcionamento que anteriormente eram fáceis de fazer», lê-se no site da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP). Em relação à prevenção, «o acompanhamento destes doentes por uma equipa multidisciplinar que acuda às suas dúvidas e necessidades, que desenvolva um plano de educação terapêutica individualizado e que resulte num adequado controlo metabólico é fundamental», afirma Raquel Carvalho.

 

É ainda necessário conhecer a realidade social do doente. O apoio familiar e da comunidade onde se insere podem fazer a diferença na aceitação e normalização da doença, refletindo- se num melhor controlo metabólico.

 

O impacto na doença

 

A depressão pode ter um impacto muito negativo no doente diabético, principalmente se este for do tipo 1. Atividades como fazer exercício ou manter uma alimentação equilibrada e a gestão dos níveis de açúcar no sangue podem ser postas em causa e, consequentemente, agravar a saúde do doente.

 

«Pessoas com diabetes e depressão têm pior controlo metabólico, pior qualidade de vida e maior mortalidade quando comparadas com diabéticos sem depressão», assegura a endocrinologista. Por outro lado, as pessoas que sofrem de depressão têm uma probabilidade de 60 % de virem a desenvolver diabetes tipo 2. De acordo com o estudo já referido, «o uso contínuo de antidepressivo está associado significativamente ao risco de diabetes. É  importante entender os possíveis efeitos negativos dos medicamentos antidepressivos no controlo glicémico e tentar minimizá-los.»

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Porque é que o stresse aumenta a glicemia?

O tratamento da depressão de um doente diabético é muito semelhante ao de outra pessoa sem a doença que tenha problemas depressivos. “Primeiro, há que estabelecer o diagnóstico preciso e distinguir de outras patologias do foro psicológico e psiquiátrico, cuja prevalência também está aumentada na diabetes, como, por exemplo, a ansiedade. Depois de estabelecido o diagnóstico, estes doentes devem ser seguidos por profissionais (psiquiatras e psicólogos) e, eventualmente, terão indicação para terapêutica farmacológica. O acompanhamento psicológico, integrado no plano de educação terapêutica, é fundamental para o sucesso», esclarece Raquel Carvalho.

Referências
  • Revista Saber Viver

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