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Os diferentes tipos de diabetes

A diabetes é uma doença crónica que afeta mais de um milhão de portugueses, segundo dados de 2015. Conheça os diferentes tipos de diabetes, as consequências no organismo e o que pode fazer para a controlar.

A diabetes é uma doença crónica que afeta mais de um milhão de portugueses, segundo dados de 2015, e cuja prevalência tem vindo a acentuar-se. Além disso, de 2009 a 2015 houve um aumento de 13,5% dos casos, indicam dados do Observatório Nacional da Diabetes. Mas é preciso ter em atenção que há diferentes tipos de diabetes, os quais iremos abordar daqui em diante.

 

A insulina, a hormona da vida, é segregada pelo pâncreas e é fundamental para o metabolismo dos açúcares, das gorduras e das proteínas, as fontes de energia do organismo. Mas, quando esta hormona não é produzida em quantidade suficiente e, logo, não metaboliza os açúcares provenientes da digestão e da transformação dos alimentos, os níveis de glicose (açúcar) no sangue aumentam. E, assim, surge a diabetes mellitus, uma doença crónica. Existem, contudo, diferentes tipos de diabetes. Alguns, nada podemos fazer para os evitar. Outros, por outro lado, dependem das nossas escolhas para os prevenir.

 

Onde tudo começa

O pâncreas é uma glândula com dupla ação: segrega enzimas que facilitam o processo digestivo e, igualmente, hormonas que ajudam a regular os níveis de açúcar no sangue. Mas quando ele não funciona de forma devida, esta mecanização fica comprometida. Como resultado, pode surgir a diabetes.

 

– Quando o pâncreas é saudável

 

Cerca de 5% do órgão tem uma função endócrina, sendo composto por um conjunto de células (essencialmente beta e alfa) agrupadas em ilhas.

São os chamados ilhéus de Langerhans, que libertam para a corrente sanguínea 2 hormonas que regulam os níveis de açúcar: a insulina, quando os níveis de açúcar no sangue são elevados, bem como, 0 glucagon, quando estes descem.

 

– Na diabetes tipo 1

«O organismo cria anticorpos que destroem, no pâncreas, as células produtoras de insulina», explica João Jácome de Castro, médico endocrinologista.

 

– Na pré-diabetes e diabetes tipo 2

«Devido ao excesso de peso e sedentarismo, embora, inicialmente, o pâncreas produza insulina normalmente, o fígado, os tecidos, o tecido gordo e o músculo criam resistência à sua ação. É a chamada insulinorresistência, o principal mecanismo desencadeador da pré-diabetes e da diabetes tipo 2», esclarece o especialista.

 

Os diferentes tipos de diabetes

É através da análise dos valores de glucose no sangue que se consegue perceber se se está ou não perante um caso de diabetes. Numa pessoa saudável, sem diabetes, estes valores devem rondar os 70 mg/dL a 110 mg/dL. Mas, quando os mesmos se situam entre os 110 mg/dL e os 126 mg/dL, estamos perante um caso de pré-diabetes. Quando este último valor é ultrapassado, então pode tratar-se de um dos diferentes tipos de diabetes.

 

– Diabetes tipo 1: a que não podemos evitar

 

Em primeiro lugar, entre todos, o tipo 1 é o «mais frequente em jovens e crianças», refere a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP). As causas, no entanto, não são totalmente conhecidas. «Sabe-se que é o próprio sistema imunitário da pessoa com diabetes que ataca e destrói as suas células do pâncreas», não estando «diretamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação pouco corretos», explica a APDP. «As células do pâncreas deixam de produzir insulina (devido a um processo de destruição das mesmas). Assim, a glicose permanece no sangue, aumentando a glicemia e dando origem a hiperglicemia».  É «necessário iniciar o tratamento com insulina desde o diagnóstico», explica a APDP.

 

Pode ser genética?

 

«Os genes, por si só, não levam ao aparecimento da diabetes. Contudo, algumas pessoas têm uma maior predisposição de a vir a desenvolver, havendo, depois, um fator ambiental que espoleta o seu aparecimento. Apesar de a diabetes tipo 2 ter uma maior relação com o histórico familiar do que a diabetes tipo 1, o estilo de vida também influencia o seu desenvolvimento. (…) As famílias tendem a ter hábitos alimentares e de exercício físico semelhantes, sendo difícil determinar se o seu aparecimento se deve a fatores de estilo de vida ou genéticos», refere a American Diabetes Association (ADA).

 

Sinais de alerta

 

O aparecimento da diabetes tipo 1 é súbito e repentino. A APDP revela os principais sintomas, como por exemplo:

 

  • Dores de cabeça, náuseas e vómitos;
  • Muita fome (polifagia);
  • Perda de peso rápida;
  • Sensação de fadiga e dores musculares;
  • Sede;
  • Urinar frequentemente.

 

– Pré-diabetes: o risco aumentado que podemos evitar

 

Também conhecida por hiperglicemia intermédia, na pré-diabetes, «os níveis de açúcar no sangue estão entre os de uma pessoa saudável e os de um diabético. É um estado em que há um risco aumentado de a pessoa vir a desenvolver diabetes tipo 2», explica João Jácome de Castro.

 

O que fazer?

 

«Sob supervisão médica, através da modificação do estilo de vida, adotando-se hábitos mais saudáveis e perdendo peso, é possível reverter a pré-diabetes», refere o especialista. Sem intervenção médica, no entanto, «cerca de metade dos doentes pré-diabéticos vai desenvolver diabetes tipo 2, havendo também risco aumentado de doenças cardiovasculares», alerta. Pode estar também «indicada a toma de medicação», afirma igualmente o médico endocrinologista.

 

Sinais de alerta

 

Segundo a ADA, a pré-diabetes não apresenta grandes sintomas e pode passar despercebida. Contudo, «algumas pessoas com pré-diabetes podem ter já alguns dos sintomas ou problemas da diabetes». Por isso, «devem ser examinadas 1 vez por ano ou de 2 em 2 anos», considera este organismo.

 

– Diabetes tipo 2: o resultado de um estilo de vida

 

É um dos tipos de diabetes que «ocorre habitualmente na idade adulta e está associado ao excesso de peso provocado pelo tipo de alimentação e vida sedentária. Estes fatores levam a que a doença esteja, assim, a aparecer em idades cada vez mais jovens», alerta a APDP. Neste tipo de diabetes, há produção insuficiente de insulina ou incapacidade do corpo em utilizá-la (insulinorresistência). Para compensar, o pâncreas segrega-a em excesso.

 

Após algum tempo, deixa de conseguir suportar este ritmo para manter normais os níveis de glicose no sangue, esclarece a ADA. «Quando [a insulina] é insuficiente ou não é usada como deveria, (a glicose) acumula-se no sangue, em vez de entrar nas células, e estas não conseguem funcionar corretamente», lê-se no site da APDP.

 

Sinais de alerta

 

Ao contrário dos outros tipos de diabetes, o aparecimento da tipo 2 é lento e os sintomas podem ser tão discretos que passam despercebidos. Nesse sentido, pode levar a que o diagnóstico seja tardio. Por vezes, a doença já existe há meses ou mesmo há anos sem que se saiba. De acordo com a APDP, os sintomas da diabetes tipo 2 são :

 

  • Sede;
  • Urinar com frequência;
  • Cansaço;
  • Prurido (comichão) intenso, em especial na região genital;
  • Perda de peso;
  • Problemas sexuais;
  • Mãos e pés dormentes;
  • Diminuição da visão.

 

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À descoberta dos sintomas da diabetes

 

– Diabetes gestacional: pode ser temporária

 

Por volta da 24.ª semana de gravidez, algumas mulheres apresentam níveis elevados de glicose no sangue (diabetes gestacional). Contudo, apesar de ser considerado um dos tipos de diabetes, não significa que a gestante venha a ter a doença após o parto.

 

Causas

Não são inteiramente conhecidas, mas há algumas pistas: as hormonas que a placenta produz ajudam o bebé a desenvolver-se, mas também bloqueiam a ação da insulina no corpo da mulher (insulinorresistência), dificultando a sua utilização.

 

Consequências

O feto obtém altos níveis de açúcar no sangue e, assim, o seu pâncreas tem de segregar uma dose extra de insulina. A energia excedente é acumulada como gordura, podendo resultar em macrossomia (bebé «gordo»).

Consequências no organismo

«O grande problema da diabetes é o facto de afetar órgãos nobres, nomeadamente o coração, o cérebro, os rins, assim como os olhos e os pés (devido a lesão nervosa)», alerta João Jácome de Castro, médico endocrinologista.

 

– Estômago

  • Gastroparesia (o estômago não consegue esvaziar corretamente os alimentos);

 

– Sistema reprodutor feminino

  • Menopausa cedo demais;
  • Dor ou desconforto durante o sexo;
  • Diminuição do desejo e da lubrificação vaginal.

 

– Cérebro

  • Acidente vascular cerebral (AVC);

 

– Nervos

  • Neuropatia (danos nos nervos, que podem levar à perda de sensibilidade nas mãos e pés) – a diabetes é a principal causa da amputação não traumática;

 

– Coração

  • Doenças cardiovasculares;

– Rim

  • Nefropatia (doença do rim);

– Pele

  • Manchas claras, escamosas e redondas nas pernas;
  • Pele torna-se mais fina e avermelhada;
  • Bolhas: pequenos altos amarelos, com rebordo avermelhado.

 

– Olho

  • Terçolho;
  • Maior risco de cegueira;
  • 40% mais de probabilidade de glaucoma;
  • Doença degenerativa da retina.

 

– Cabelo e unhas

  • Infeções à volta das unhas;
  • Foliculite (infeção dos folículos capilares).

 

– Boca

  • Doenças gengivais, como a periodontite.

 

Por fim, junte-se à comunidade Diabetes 365º!

Referências
  • Revista Prevenir

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